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Nas publicações semanais, o Mundo Tecnológico é o #AstroMiniBR, perfil do Twitter que reúne astrônomos e promotores de astronomia, reúne cinco curiosidades relevantes sobre o espaço. Confira abaixo os destaques desta semana!
#1: Quantas casas decimais de pi usar?
Para cálculos de missões espaciais, a NASA usa uma aproximação de 15 casas para o número pi (π = 3,141592653589793).
Com 40 dígitos, é possível calcular uma circunferência do tamanho do universo observável com uma imprecisão menor que um átomo de hidrogênio.#AstroMiniBR pic.twitter.com/7y3ntayQsn
— Nícolas Oliveira (@nicooliveira_) 7 de dezembro de 2022
Todos se lembram dessa informação da matemática elementar: pi é um número irracional definido pela razão entre o perímetro de um círculo e seu diâmetro e é aproximadamente 3,14.
O número pi, por apresentar uma sequência infinita de dígitos, pode ser expresso indefinidamente, de acordo com o interesse que se tem em obter determinado resultado. Os detentores do recorde mundial, por exemplo, memorizaram perfeitamente a ordem de mais de 70.000 dígitos nas casas decimais de pi.
No entanto, esse nível de rigor absurdo é desnecessário para a maioria absoluta dos procedimentos matemáticos que requerem uma aproximação de seu valor. Cálculos de alta precisão, como os usados pela NASA para navegação interplanetária, usam uma aproximação de 15 casas decimais: 3,141592653589793. Na realidade, você não precisa usar muito mais casas decimais do que isso. Isso ocorre porque não há cálculos fisicamente realistas que os cientistas tenham realizado para os quais seja necessário incluir tantos pontos decimais quanto a mente possa imaginar.
Prova disso é que a espaçonave mais distante da Terra, a Voyager 1, está a cerca de 24 bilhões de quilômetros de nós; se quiséssemos gerar um círculo que tivesse essa distância como raio, usando um valor de pi com 15 dígitos, o erro dessa medida seria menor que 1 centímetro. Se fôssemos ambiciosos e quiséssemos abranger todo o universo visível, poderíamos usar apenas 40 dígitos e esse erro seria menor que o diâmetro de um átomo de hidrogênio!
#2: Cratera Tycho vista por Orion
??FOTO DA SEMANA??
O sobrevoo da Lua pela espaçonave Orion quando ela iniciou sua jornada de retorno à Terra, com uma queda prevista para 11/12 no Oceano Pacífico. A cratera raiada Tycho é destacada. #AstroMiniBR pic.twitter.com/04JteD5SfC— Projeto Céu Profundo (@CeuProfundo) 6 de dezembro de 2022
A espaçonave Orion da NASA está encerrando sua missão inaugural longe da Terra: projetada para levar astronautas à Lua, a sonda realizou uma série de manobras e testes em órbita lunar e atualmente está em trajetória de retorno à Terra, onde deve cair em Oceano Pacífico no domingo (11).
Nesta breve e impressionante jornada, a Orion registrou a superfície lunar com detalhes incríveis: o vídeo acima mostra um dos últimos sobrevôos antes do retorno em que a cratera Tycho é visível com extensos sistemas de raios de detritos de cores claras explodidos pelo impacto de o meteorito que o formou. Em geral, essas crateras estriadas são relativamente jovens e têm algumas dezenas a algumas centenas de quilômetros de largura.
#3: A bela Nebulosa do Camarão
🇧🇷 NEBULOSA DE CAMARÃO
O telescópio de 2,2 m do ESO no Chile capturou uma das melhores imagens deste berçário estelar.
Esta nebulosa está a 6.000 anos-luz de distância na constelação do Escorpião, e podemos ver estrelas recém-nascidas entre as nuvens.#AstroMiniBR
© ESO pic.twitter.com/q8Appfbpud— Thiago Flaulhabe (@TFlaulhabe) 3 de dezembro de 2022
Ao sul de Antares, na cauda da constelação de Escorpião, muito rica em nebulosas, está a nebulosa de emissão conhecida como Nebulosa do Camarão (IC 4628). Incontáveis estrelas jovens, massivas e quentes, com apenas alguns milhões de anos, irradiam a nebulosa com luz ultravioleta invisível, arrancando elétrons dos átomos. Esses elétrons eventualmente se recombinam com outros átomos para produzir o brilho nebular que vemos na imagem acima, dominado pela emissão vermelha do hidrogênio.
A uma distância estimada de 6.000 anos-luz da Terra, a região tem cerca de 250 anos-luz de diâmetro, o equivalente a três luas cheias no céu. Esta imagem impressionante foi obtida com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla no Chile e é uma das melhores fotografias deste objeto até à data.
#4: Por que observar objetos celestes em diferentes filtros?
um exemplo da importância de observar o mesmo objeto em várias frequências
aqui a galáxia NGC 628 vista do rádio (@almaobs) ao ultravioleta próximo (@AstroSat3🇧🇷 e no infravermelho, com o @NASAWebbvemos bolhas no meio interestelar desta galáxia ????#AstroMiniBR 🇧🇷 pic.twitter.com/VtSHbKp7vv
— yanna martins franco (@martins_yanna) 5 de dezembro de 2022
Na astronomia moderna, é comum observar o mesmo objeto celeste sob diferentes filtros e combinar esses dados para obter melhores resultados científicos. Ao contrário das décadas anteriores, quando os astrônomos trabalhavam essencialmente em um determinado comprimento de onda, como rádio, óptico ou raio-X, hoje as observações têm a vantagem de detectar estruturas e processos físicos impossíveis para alguns filtros individuais.
Como a física que conduz a evolução de objetos celestes, como estrelas e galáxias, é complexa, combinar observações em vários comprimentos de onda do mesmo objeto permite que os astrônomos entendam melhor os processos físicos associados. Por exemplo, a galáxia acima pode parecer comum na luz visível, mas esse mesmo objeto no infravermelho mostra uma série de bolhas possivelmente causadas por fenômenos altamente energéticos.
#5: Um radiointerferômetro brasileiro
O BDA – Brazilian Decimetric Array – é um experimento interferométrico composto por 26 antenas de 4 metros de diâmetro. Está instalado em Cachoeira Paulista e tem o Sol como alvo principal. #AstrominiBR pic.twitter.com/jrfk5bindm
— Tania Dominici (@TaniaDominici) 8 de dezembro de 2022
O Brazilian Decimetric Array (BDA) é um rádio interferômetro brasileiro instalado no INPE, em Cachoeira Paulista, São Paulo, que está em operação desde o final de 2004. O BDA possui cinco protótipos de antenas que utilizam técnicas modernas e econômicas de interferometria em banda de rádio obter imagens do Sol com alta resolução espacial e temporal. Ele é capaz de gerar dez imagens do Sol por segundo e fazer uma análise em tempo real, usando técnicas de tomografia espectral. Com o BDA espera-se também melhorar a previsão do clima espacial.
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