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Indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, O Gato de Botas 2: A Última Ordem tem uma característica que define os melhores filmes infantis: são os que conseguem divertir tanto os pequenos quanto os pais.
O universo criado em torno do carismático Gato de Botas – que é um spin off Bem-sucedido da franquia Shrek – é charmoso, engraçado e, mesmo com alguns estereótipos, agrada com sua representação da cultura latina.
O Gato de Botas (dublado pelo galã Antonio Banderas no original, e pelo veterano Alexandre Moreno no Brasil) é um herói levemente desonesto. Ele é corajoso e, mesmo sendo pequeno, é capaz de derrotar inimigos mais poderosos. Por outro lado, sua astúcia o tornava arrogante e cheio de si. Seu encanto, de alguma forma, é também sua fragilidade.
Mas acontece que ele não é eterno. O Gato de Botas 2, que é uma produção da DreamWorks, começa quando o famoso Gato percebe que, por causa de suas travessuras e falta de prudência, chegou à sua nona vida (na cultura americana, os felinos têm nove em vez de sete vidas). É por isso que ele está vivendo o último: se ele morrer em um novo conflito, é isso.
O Gato de Botas descobre isso devido a uma visita sombria de um grande lobo mau que, na verdade, é a própria Morte (e que é dublado no filme original por Wagner Moura!). Devastado, o Gato de Botas decide desistir de sua vida de aventuras e ir se isolar em um “refúgio” para gatos, onde uma acumuladora acumula centenas de felinos e os trata como se fossem bebês.
As cenas neste local são simplesmente hilárias: nosso herói tem que abaixar a bola de alguma forma e fingir ser um maricas dócil para se adaptar ao que resta, por mais humilhante que seja.
É nesse contexto que ele conhece um chihuahua órfão que se faz passar por um gato para sobreviver. O personagem de Perrito fornece o contraponto perfeito para a bravura um tanto seca do Gato e fornece alguns dos melhores momentos desta sequência.
Mas há esperança para o herói. Para isso, ele terá que ir em busca da Estrela dos Desejos, a única que poderá restaurar suas nove vidas.
o valor da vida
Assim começa a nova aventura do Gato de Botas, em que os demais personagens se cruzam, inclusive os inimigos. Entre eles está a família Urso, que adotou o órfão Cachinhos Dourados, e assim acabou adquirindo a configuração de uma gangue: todos vivem aterrorizando os outros e obtendo vantagens com o uso da violência.
O frágil Curly, como vemos, agora está fortalecido, só que de um jeito ruim. Ela acaba usando sua família adotiva para ir também atrás de Estrela, em busca de realizar seu maior desejo: reencontrar sua família humana.
O outro inimigo do Gato de Botas é um homenzarrão chamado Grande João Trombeta. Ele é muito rico e ambicioso, mas tem uma mentalidade infantil simples. Dono de uma fábrica de tortas, Joãozão tem passatempo colete itens mágicos diretamente dos contos de fadas e fará de tudo para alcançar a Estrela dos Desejos também. Para isso, ele não se importa em destruir qualquer um que se interponha em seu caminho – mesmo que sejam os padeiros de sua padaria.
Há um aspecto muito interessante da franquia Gato de Botas aqui: ela homenageia muitas histórias infantis clássicas, o que certamente fará cócegas nos narizes nostálgicos dos mais velhos. Joãozão Trombeta, por exemplo, é aconselhado pelo Grilo Falante (do conto de Pinóquio), embora nunca dê ouvidos às suas recomendações.
No meio dessa jornada, o Gato das Botas e Perrito se unem a um último personagem importante. Kitty Pata-Mansa é, ao mesmo tempo, uma inimiga e um contraponto amoroso ao herói. Claramente, ela é a versão feminina dele e, portanto, sua alma gêmea – embora o arrogante Gato não pareça se importar muito com o romance.
O lema central da O Gato de Botas 2: Última Ordem torna-se então a disputa pela Estrela dos Desejos e pelo que ela representa para cada um dos eixos envolvidos em sua busca. A principal delas é, sem dúvida, o questionamento em torno da própria protagonista: vale a pena lutar para viver mais? Uma vida mais longa é necessariamente uma vida boa?
Questões complexas em um filme divertido
(Fonte: AdoraCinema)Fonte: eu amo cinema
Não pense que o Gato de Botas 2: A Última Ordem se torna um filme chato ou difícil para crianças por abordar questões que, de alguma forma, têm fundo filosófico. Esta é uma obra acessível e divertida, ainda que um tanto assustadora. Vale lembrar que crianças muito pequenas podem ficar um pouco apavoradas com as aparições do lobo grim reaper.
O filme consegue equilibrar esses momentos densos com uma trama engraçada, com vários momentos capazes de ficar na memória. A grande estrela (com o perdão do trocadilho) é o adorável personagem do cachorro Perrito. Assim como o Burro de Shrek, ou a Dory de Procurando Nemo, ele funciona como o ponto de alívio da trama que, mesmo sendo leve, carrega mensagens importantes para os pequenos.
(Fonte: DreamWorks)Fonte: trabalhos de sonho
Abandonado pelos pais e irmãos, o chihuahua acaba no lamentável abrigo dos gatos, onde se disfarça e começa a acreditar que tirou a sorte grande. Sem nada de muito bom na vida, sugere a possibilidade de um olhar positivo para todas as coisas, como uma Pollyana atualizada para as novas gerações.
Soma-se a isso o fato de Perrito, o Gato e Kitty Pata-Mansa se envolverem em cenas tão hilárias quanto bobas, como aquelas em que Kitty tenta ensinar o cachorrinho a simular um olhar meigo dos gatos, que é capaz de derreter os corações mais duros. Mais do que afeto, é um recurso de sobrevivência utilizado pelos mais vulneráveis para sair de situações difíceis.
O Gato de Botas 2: A Última Ordem pode não ser a mais ousada das animações infantis. Mas é justamente esse ar retrô, somado à trama envolvente, que faz deste, sem dúvida, um dos filmes infantis mais interessantes lançados nos últimos anos.
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